Transformações de negócio podem ser motivadas pela necessidade de adaptação ao meio ou pelo anseio de liderar e construir novas formas de geração de valor. O problema reside na velocidade das mudanças e capacidade de absorvê-las no ritmo necessário o que pode gerar desconforto e resistência. O custo de oportunidades perdidas no prazo de desenvolvimento de novos produtos e serviços, o tempo que esses terão de vida útil após o lançamento e a obsolescência que estarão sujeitos por ingresso de substitutos fazem encolher o ciclo de negócio e reduzir a possibilidade de retorno de investimento.

A cultura de Business Transformation inspira e alimenta a criação de práticas organizacionais que buscam causar mudanças para estabelecer novos patamares. Nesse ambiente de mudança, as organizações precisam aprimorar suas capacidades como resultado de um processo de transformação do negócio com novas estruturas e padrões de comportamento. Significa definir um propósito, engajar múltiplas perspectivas, enquadrar as questões, estabelecer o cenário e criar experiências. Enquanto as capacidades essenciais estabelecidas permitem atendimento às necessidades atuais, capacidades adicionais precisam ser criadas em resposta às novas oportunidades. As primeiras estão relacionadas ao pensamento linear e as últimas ao pensamento exponencial.

Transformações têm ocorrido com base em táticas incrementais ou radicais. Em termos de táticas incrementais, busca-se a realização progressiva de melhorias em partes da organização e em suas relações externas sem romper com as formas pelas quais transaciona com o ambiente – a mudança é vista como um processo evolucionário e progressista que possibilite a continuidade do negócio. Por definição, melhoria é tornar melhor o que já existe. Não é repensar, é apenas, melhorar. Quando se procura maneiras de fazer as mesmas coisas de forma mais rápida, com menor custo e maior eficiência, isso é melhoria. As novas soluções funcionam, não são caras e não causam ruptura porque alavancam o que já existe adicionando algo mais. Mas depois de algum tempo, o acúmulo de soluções incrementais alcançará um limite e uma transformação mais abrangente será inevitável. O fato é que melhoria, embora importante e necessária, está direcionada a tornar a organização mais eficiente naquilo que já faz, mas melhorias de 5% ao ano perdem relevância quando o mundo se reinventa e muda 100%. Quando chegar o momento de uma mudança mais profunda será preciso ter um desprezo saudável pelo impossível e tentar coisas que a maioria das pessoas não tentaria.

É importante ter em mente nas iniciativas de melhoria que não adianta melhorar aquilo que nem deveria mais existir.

A tática radical busca promover mudanças por meio de rupturas das práticas organizacionais tradicionais e passa a ser a única alternativa dependendo do tempo que o negócio estiver em vigor, de sua capacidade em fornecer resultados de forma eficaz, em executar de maneira rápida e a custos razoáveis, de sua capacidade de entrega e alcance, de sua competitividade e da própria estratégia de negócio. Em algum ponto o mundo terá evoluído e tecnologias e modelos mentais terão se movido para além da capacidade de solução com melhoria do que já existe. A concorrência ou alternativas de mercado estarão melhores ou maiores e o mercado irá demandar novas abordagens e soluções – concorrência não virá somente de grandes multinacionais, mas da quantidade infinita de novos empreendedores e tecnologias exponenciais que surgem todos os dias.

Na era da abundância as pistas estão superlotadas e o futuro pertence àqueles que agarrarem a oportunidade de criá-lo. Riqueza não advém somente de se aperfeiçoar coisas existentes e continuar fazendo as mesmas coisas. O século 20 experimentou longos períodos de exploração de paradigmas existentes, mas o século 21 irá experimentar mudanças sucessivas de paradigma com curtos períodos de exploração. “Quem não pensa daqui para frente não vai existir daqui para frente” diz Larry Page, “o que faz as organizações desaparecerem é a falta de foco no futuro”.

Figura – Século 20: foco em melhoria, século 21: foco em mudança de paradigma

Rupturas de modelo de negócio impõem riscos, mas capital de risco é uma das formas de geração de riqueza e objetivos de transformação radical devem ser seriamente considerados para assegurar sobrevivência de longo prazo. A única constante é a mudança e a taxa está acelerando: ou a organização causa uma ruptura em si mesma ou alguém no mercado o fará. Permanecer parado é sentença de morte.

A mudança de paradigma tem de ser vista como um movimento estratégico, um compromisso com o futuro do negócio e sua capacidade de sobreviver e prosperar. Em 2001, Tom DeMarco em seu livro Slack: Getting Past Burnout, Busywork and the Myth of Total Efficiency já dizia que “uma organização que pode acelerar, mas não mudar de direção terá o mesmo destino de um veículo nessas condições”. As consequências podem ser desastrosas.