Peter Diamandis em sessão plenária no The Government Summit em 2014 em Dubai foi categórico ao dizer que 40% das empresas Fortune 500 atuais não irão mais existir até 2025 pela inabilidade de se adaptarem às mudanças. A inteligência artificial poderá fazer mais e melhor do que seres humanos e a robótica autônoma e inteligente não é um futuro distante. Avanços na impressão 3D poderão tornar a manufatura independente de localização geográfica e o custo de mão de obra humana tenderá a zero. Criptomoedas (cryptocurrencies) terão o potencial de transformar a economia permitindo transferência de recursos financeiros entre duas partes sem a necessidade de aprovação ou envolvimento de uma terceira parte (bancos ou governo). O futuro também promete melhorias radicais na tecnologia de realidade aumentada com a introdução de interfaces gestuais e feedbacks sensoriais que fundem o mundo físico com informação digital.

O deslocamento do pensamento local e linear para o global e exponencial estende as possibilidades. Em um mundo local e linear as mudanças são graduais com efeitos razoavelmente absorvíveis, mas em um mundo global e exponencial as mudanças alcançam níveis inimagináveis com efeitos desnorteadores. Pode gerar tanto oportunidades quanto estresse e isso vale para qualquer segmento. Francis Maude, Ministro de Comércio e Investimento do Reino Unido diz que nenhum país tem o mesmo nível de despesas, mas todos enfrentam o mesmo desafio de orçamentos mais enxutos e diminuição de despesas. Somente com novas tecnologias será possível cortar custos e melhorar os serviços aos cidadãos. Estado não é lugar, mas presença – o cidadão não tem de enxergar órgãos públicos, mas serviços públicos. Maude enumera cinco princípios que podem ajudar a melhorar os serviços com redução de custos:

  • Transparência. Abrir acesso aos dados para que cidadãos possam fiscalizar as contas públicas e trazer melhorias nos níveis de austeridade
  • Controle rígido a partir do centro. Compartilhar atividades comuns para reduzir custo e estimular colaboração (criação de centros de serviços compartilhados)
  • Flexibilização. Quebrar o monopólio sobre os serviços públicos
  • Digitalização. Digitalizar os serviços públicos na maior extensão possível
  • Fortalecimento da cultura do serviço público. Prover flexibilidade aos servidores públicos para tentar coisas novas. Governos precisam estimular uma cultura que apoie inovação e tolerância ao erro

A longa busca por desenvolver máquinas com inteligência semelhante à humana se aproxima da realidade. Em um mundo em que robôs operados por Inteligência Artificial podem executar ações complexas e aprender como seres humanos, carros autônomos que podem tomar as ruas processando imagens de tudo que acontece e impressoras 3D que podem fabricar produtos funcionais com vários materiais, muitos empregos acabarão sendo substituídos por tecnologia e esse será um grande problema a ser resolvido. Como os governos irão enfrentar o desafio da perda de postos de trabalho humano ainda é uma questão em aberto.

Computação mais rápida, mais barata e mais poderosa está habilitando uma gama de tecnologias e convergências que levará a resultados sem precedentes. O mundo está testemunhando uma nova revolução industrial pela impressão 3D que permite fabricar motocicletas, próteses e até alimentos. No campo da medicina, avanços tecnológicos permitem prolongar a expectativa de vida e transformar a saúde – hoje, 100 anos de idade é o novo 60. De enxames de microrrobôs para automontagem de robôs modulares até exoesqueletos robóticos para aumento de força em seres humanos, aplicações utilizando robótica permeiam a indústria transformando a maneira como o trabalho é realizado. E várias outras frentes em expansão nos campos da energia, água, transporte e produção de alimentos que podem levar o mundo a uma era de abundância.

Mas o caminho até a criação de um admirável mundo novo possui muitas curvas e pistas escorregadias. David Wood et at. em Anticipating 2025: A guide to the radical changes that may lie ahead, whether or not we’re ready diz que a trajetória até 2025 não estará livre de riscos e crises:

  • Escassez de água, alimentos, energia e minerais raros (o que pode parecer paradoxal pelo potencial das novas fontes renováveis, mas refletindo a falta de maturidade dessas fontes)
  • Estresse ambiental com aumento do caos climático e disputas sobre responsabilidades e ações corretivas
  • Estresse do sistema financeiro que compartilha com o meio ambiente as mesmas características de alta complexidade, má compreensão, fraca regulamentação e sujeito a pontos de inflexão e mudanças abruptas
  • Aumento da marginalização de pessoas que serão incapazes de compartilhar a magnitude da riqueza propiciada pela evolução tecnológica pela perda de empregos
  • Risco de ataques cibernéticos que podem paralisar a infraestrutura tecnológica

Pelo lado otimista a confiança vence o medo, o aberto vence o fechado, a abundância vence a escassez e o vencedor leva tudo. Pelo lado pessimista existem muitas incertezas e obstáculos em rota para um futuro promissor. Tecnologias exponenciais terão um impacto transformacional de longo alcance representando oportunidades sem precedentes e ameaças existenciais. Esse impacto é indiscutível e ninguém mais pode ficar em estado de alienação ou negação.

© José Davi Furlan

11/06/2015