out 16 2014

Menos publicidade e mais relações públicas

Menos publicidade e mais relações públicas

Menos publicidade e mais relações públicas

O sistema puxado do Lean tem sido aplicado por várias décadas, mas continua pouco entendido e utilizado na prática comercial. Ainda é comum a busca por influenciar a atitude das pessoas para que comprem ou aceitem aquilo que a organização tem a oferecer, empurrando produtos e serviços fomentando o consumismo. Aqui entra a publicidade que muitos entendem como sinônimo de propaganda, um instrumento de manipulação de comportamento para que pessoas sintam necessidade por algo que ainda não sentem.

O mercado de publicidade prosperou por várias décadas como decorrência do domínio dos meios de comunicação em massa. Contudo, os gloriosos dias da publicidade massificada começaram a fazer parte do passado com o avanço inexorável da conexão digital em rede – pessoas passaram a buscar o que querem e quando querem sem a necessidade de alguém que lhes conduza. Mesmo o crescimento da propaganda online que tem desviado recursos de outros veículos (jornal, rádio, TV, cinema, outdoor, revistas, telemarketing) não garante a subjugação das pessoas, pois elas podem ignorar ou anular a presença de anúncios,banners e mensagens comerciais.

Quando alguém necessita comprar um liquidificador, o que faz? Entra no Google e pesquisa modelos e preços, avalia comentários de outros clientes, seleciona a oferta que melhor lhe atenda, fecha o pedido e aguarda a entrega. No que a publicidade ajudou nisso? O mesmo vale para praticamente tudo, desde reservas de hotéis e passagens aéreas até aquisição de um novo conjunto de sofás e tapetes para a sala. Estar no controle é importante para quem prefere fazer as coisas ao seu modo e próprio tempo com flexibilidade. Não apenas por meio do líder Google, mas igualmente pelo Youtube, segundo maior mecanismo de busca que disponibiliza a cada minuto 100 horas de vídeo (Youtube Statistics, 2014).

A Blendtec é uma dessas empresas que fabricam liquidificadores e Tom Dickson, fundador da empresa, sempre foi desafiado sobre a robustez de seus produtos e se eram fortes o suficiente para triturar alimentos. Foi então que teve a ideia de triturar todo tipo de coisa, incluindo smartphones, tacos de bilhar e canecas. Com sua série viral de vídeos “Will it Blend?” no Youtube alcançou dezenas de milhões de visualizações passando a ser considerada uma das maiores criações de marketing indireto das últimas décadas. A Blendtec não pagou espaço publicitário e nem tentou empurrar seus produtos para o público, em vez disso criou interações divertidas que proporcionava valor às pessoas, comprassem ou não os liquidificadores.

Assim como a Blendtec substituiu publicidade paga por relações públicas gratuitas, as organizações terão de buscar alternativas para se manterem como opções prioritárias nas mentes das pessoas.

A publicidade do boca a boca que reinou por séculos até ser destronada pelos meios de comunicação em massa retorna com força pelo poder da interação digital. Pessoas tendem a confiar mais na avaliação feita por outras pessoas do que na publicidade. Quanto mais se interconectam, mais rapidamente remete ao colapso modelos de negócio baseados na premissa do empurrar. A era das organizações imporem seus produtos e serviços está ficando para trás. Em vez de serem empurrados, produtos e serviços passarão a ser puxados pelos clientes.

© José Davi Furlan

13/10/2014

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